Mulheres na linha de frente contra o Covid19. Trabalham de olho no reconhecimento e melhores condições de conciliar a profissão com a vida familiar
É fato que a realidade da sociedade está mudando aos poucos, muitos já compreenderam que não cabe apenas à mulher as responsabilidades de cuidar e manter as atividades de uma família, seja qual for a sua composição, ou quantas pessoas nela possuem. No entanto, a junção nomeada "família" precisa urgentemente tomar a forma da sociedade atual, o modelo do século XIX, presente em dias atuais não atendem a demanda necessária da população. Em suas diferentes classes sociais e todas as ramificações quando o assunto é desigualdade, as mulheres da classe trabalhadora vivem isso de forma cruel e desgastante, a realidade precisa mudar, e deixar de sacrificar as suas mulheres. É a consciência vindo á tona, é preciso dar um basta!
Vivenciamos atualmente tempos difíceis, o evento da Covid 19
espalhado pelo mundo além de apavorar, exterminar e imobilizar as pessoas trás
consigo outras realidades percebidas, ou ao menos salientadas a partir de sua
existência. Diante dessa realidade, vale lembrar que estas mulheres, em
sua maioria possuem famílias, e são encarregadas quase que, de forma natural a
"dar conta de tudo". Mulheres profissionais da saúde ou não, precisam
trabalhar e conciliar a dupla jornada com o isolamento social, e tudo o que a
pandemia esta provocando na vida das pessoas. São novos tempos e modos de
viver, mas nem para todos. As funções domesticas e de cuidados continuam nas
mãos de quem sempre esteve, como se fosse o normal e devido, mas não é.
As profissionais da enfermagem são um ponto a mais nesta
questão, além de conciliarem a realidade hospitalar de um cenário terrível,
muitas vezes tratadas como máquinas. Não pode, demonstrar as emoções, sentir
cansaço, se descuidar... As chamadas "heroínas", são tudo isso mesmo,
e com elas toda a equipe da saúde, desde o antedimento até todos que fazem um
hospital funcionar como deve ser. No entanto, a maioria dessas mulheres possuem
famílias, e seja qual for a formação familiar que possua, seu fardo costuma ser
excessivamente pesado. Elas são heroínas no atendimento, e estendem o cuidado
ao lar.
Este mesmo modelo familiar se estende por diversos lares, trabalhando na área da saúde ou não, como de costume há uma mulher que faz tudo! É chamada de guerreira e tudo bem, Mas não esta tudo bem. Os tempos estão mudando e a condição da mulher não muda neste aspecto, em nada é alterado as condições para que seja possível ter o minimo de qualidade de vida para as trabalhadoras.
Nos vemos em um novo cenário, todos em casa, vivendo rotinas diferenciadas, mas a mulher que continua a trabalhar, deve aprender a lidar com a escola dos filhos, alimentação, cuidados básicos, entre outras novidades. Carregam preocupações com cuidados redobrados para evitar uma possível contaminação das pessoas com quem mora, e são heroínas?
Ser heroína é fazer tudo sozinha e receber um, OK!?
Lógico que sabemos que alguém precisa fazer este papel, esta
manutenção deve ser feita por alguém. Mas por que apenas por mulheres? Até
quando este fardo nos será repassado de geração em geração como se pertencesse
a nós a partir do gênero! Somos seres humanos como todos os outros, não
possuímos super poderes, ou força extrema que justifique dedicar 21 horas
semanais às funções domésticas enquanto os homens dedicam 10 (Fonte IBGE). Os
homens também trabalham, e se cansam, mas não são mais os únicos "provedores"
do lar, e se este papel esta sendo dividido, nada mais justo e óbvio ambos
terem responsabilidades equivalentes nas outras áreas, inclusive no que
diz respeito aos cuidados com filhos, e tudo o que engloba uma unidade
familiar.
A sociedade exige uma funcionária excelente, psicológico
nota 10! Centrada, equilibrada, bem vestida, muito bem cuidada esteticamente e
com disponibilidade ímpar para dar conta do seu trabalho com a dedicação e
engajamento que a profissão exige. Assim também, cobram mães participativas na
vida dos seus filhos, e conscientes de sua responsabilidade diante da
criação de um ser humano. O problema é que todas
estas exigências são para as mesmas pessoas, e eu não listei nem a
metade.
Se fizer uma conta simples de horários ou funções, logo se
percebe: a conta não fecha! Isto sem contar o fator “ser humano”.
O modelo capitalista também tem o seu papel de
responsabilidade neste modelo contínuo de exploração e
opressão construídos á partir de crenças ultrapassadas e infundadas.
Então eu pergunto: Qual é o papel do Estado diante dessa realidade? Deixamos as
nossas crianças em casa, tornamos possível a engrenagem da produção e
o funcionamento da sociedade como ela é, sem trabalhadoras não existe sistema
financeiro, econômico e tudo o que isso engloba.
Imagine se TODAS as mulheres ficassem em casa a partir
de agora. Como ficaria o mundo?
Seria interessante que o Estado ampliasse os equipamentos
que auxiliam as famílias?
Hoje temos creches, escolas, entre outros auxiliares ligados
à educação.
Mas ajudaria se existissem lavanderias, locais de
alimentação com preço justo, entre outros serviços, que além de gerar mais
empregos movimentaria de forma mais abrangente
as famílias brasileiras?
Afinal, para quem trabalhamos de verdade?
Para o momento. Mulher, pare e respire! Reveja o que
foi dito para você como certo a vida toda, e reveja a partir da sua realidade.
Interiorize nestes tempos de isolamento, e reflita quanto ao que é certo na
pratica do seu dia a dia.
As pessoas precisam aprender a fazer a parte que lhe
cabem, e não deixar tudo para uma pessoa como se isso fosse um legado feminino,
porque não deve mais ser assim. Mulheres precisam compreender isso para que as
outras pessoas também percebam.
Praticar e ensinar o autocuidado também é cuidar do outro.
Lave as mãos, se cuide, você não é apenas importante para a
sua casa,ou para ajudar as pessoas, você é um ser humano, e também merece
descanso e paz.
Á todas as mães de famílias, o nosso reconhecimento.
E que siga a luta por dias melhore, em todos os
campos.
Texto: Grazy Nazario.
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