Pensar na zona de conforto e como
se livrar dela é algo que sempre me preocupou, e me atrapalhou algumas
vezes. Eu ficava preocupada se estava nela sem perceber, e se tinha me
acomodado e deixado de lutar, e seguir rumo aos meus propósitos. Afinal você segue
evoluindo, estudando, colaborando para o seu amadurecimento e das outras
pessoas? É assim que eu me cobrava, quase sempre, e é dessa maneira que a busca
pelo equilíbrio entre não se contentar com pouco, e não se perder da própria busca
me mantém em alerta.
O fato é que costumo usar esta
frase: não fique na zona de conforto, não se acostume com a infelicidade, e com
os desprazeres, não deixe as suas vontades e desejos nas mãos dos outros. Principalmente
quando falo com mulheres ou pessoas que sofrem algum tipo de insegurança por
conta de “aprovações” externas, não é fácil existir sendo além do esperado.
Falar isso constantemente me
ensinou que eu precisava aprender a ouvir, pois isso mostra novas perspectivas.
Confesso que eu não era boa ouvinte, mas depois que percebi o quanto é possível
aprender tenho gostado muito, é uma abertura para um novo mundo, aquele que não
é o seu. Quando fazemos isso o nosso mundo diminui, e não de maneira pejorativa,
mas de forma realista, o mundo não é o nosso umbigo, a força e energia que
carregamos nem sempre está presente nas outras pessoas, e elas possuem
percepções que não conhecíamos. Enfim, é riqueza, troca de amor e vida.
Sair da zona de conforto sempre pareceu
fácil para mim, eu costumo ser aberta ás experiências, não tenho medo de
arriscar e continuar de outra maneira. Mas o que isso tem a ver com sair da
zona de conforto? NADA!
Esse tal lugar é muito louco, e
dependendo de como você enxerga o mundo você nunca sairá de lá. Poderá praticar
grandes aventuras, correr muitas maratonas e viajar o mundo, mas caso não se
conheça bem jamais saberá o que é sair da sua zona de conforto, ficará
falando pelos quatro cantos do mundo sem conhecer nada de si, e do que te
atormenta, ficará tentando suprir as dificuldades em grandes feitos, mas não
saberá onde está a simplicidade de se superar, de ser grande, e arriscar ser
simples, apesar de tudo.
Cada zona tem um conforto diferente, sair da sua pode ser saber
que se é pequeno quando assim se sentir, mas ter coragem para se movimentar,
não sentir vergonha de “perder”, pois muitas é você quem ganha, e
viver o hoje sem medo. É também ter vontade de chorar e fazer isso, e acreditar
que é possível mudar, mesmo que a passos curtos, mas é acima de tudo é saber onde
está aquilo que te fortalece e não se esquecer do caminho.
Eu continuo a temer estar na zona de conforto, mas entendo que tem muitas maneiras de estar nela, e formas de não estar também, assim como muitas vezes o pequeno é grande e vice e versa. Podemos admirar alguém que realiza grandes feitos por si, mas aquelas que também não enxergam outra saída e fazem o que está ao seu alcance para não parar, isto é também sair da zona de conforto.
Não existe o meu certo e o meu errado, existe
as pessoas e percepções de cada uma, e a libertação não é viver o que eu acredito,
mas se libertar daquilo que te faz mau, e viver o seu BOM, a sua felicidade. Sair
da zona de conforto é também esticar a mão a apoiar no caminho que a outra
pessoa escolher, ainda que você não concorde, porque sair da minha zona de conforto
é também entender que cada pessoa vê e sente a vida a seu modo.
O fato é que ser infeliz não é o caminho para ninguém ainda que pareça "confortável", não é. A dor acontecerá de toda maneira, então que seja para fortalecimento, grandiosidade e liberdade. Não é sobre aceitar tudo de qualquer maneira, não dá para ver os dois lados de tudo, porque a opressão é sempre opressão e gera dor, mas é sobre as limitações que possuímos, e reconhecer que elas existem, principalmente porque plantaram no mundo as inseguranças que aprendemos a conhecer, e que seja possível que todas também conheçam a própria capacidade, força e fé.
É incrível saber que, sempre que ouço aprendo e me liberto da raiva que sinto por saber o quanto mulheres são oprimidas, e que
muitas vezes elas ainda não sabem disso, e daí me recordo que isso não é culpa
delas, e não serei eu a condená-las por aquilo que não as faz bem. Viver a
perceber esta realidade não é nada confortável, mas é preciso respeitar, e
aceitar a diversidade de seres que tanto dizemos que existe.
Para sair deste lugar vamos
aprender, assim como os bebês aprendem a andar, um passo de cada vez, um depois do outro. É assim sempre, em cada nova ação, atitude ou decisão. Só não
pare, use a energia de quando era criança e queria aprender, e a sabedoria de até aqui, não se anule,
continue conquistando.
Quanto a sair da zona de conforto
é muito bonito ver quando você faz de tudo para sair da sua, é lindo e
inspirador, você inspira pessoas, você é grande, nunca se esqueça disso. Não
desista da sua felicidade, do seu sorriso e do que te faz bem. E sempre que
algo novo lhe chegar ao coração me chame, por favor, dívida comigo o grande
feito, e eu prometo que farei o mesmo. Estarei em alegria, porque o amor é e
sempre deveria ser maior que a raiva. Merecemos ser felizes.
Texto dedicado à aquelas que se arriscam.
Grazy Nazario.
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