Este é um bordão antigo, talvez seja cheio de significados e eu não tenho a menor idéia de onde tiraram esta frase, o que sei é que dá para viajar em suas variáveis definições, e não sei bem porque pensei que era exatamente o que eu sentia quando falava do momento atual do Brasil.
Não precisa muito para imaginar que o assunto é política, sempre tem a ver com isso, como tudo no mundo, e em especial nas vésperas das eleições não seria diferente. O que dá para perceber quando olhamos um pouco de longe quem são as pessoas na fila do pão? Isso mesmo, pessoas comuns, buscando o pão de cada dia, mas quem de fato são essas pessoas, o que elas mudam no mundo e para si mesmas, e porque é tão importante elas saberem o seu lugar na sociedade?
Eu seria hipócrita se dissesse
que se trata de pessoas sem valor, pois sou eu a primeira a dizer o quão valorosas
são as pessoas e suas ações, e também sobre o poder de decisão de cada uma, e
de como a autonomia é indispensável para se enxergarem do jeito que são:
grandes e indispensáveis.
No entanto, muitos confundem isso
com o tal “valor” diretamente ligado ao valor financeiro, como se fosse possível
avaliar em espécie o valor de idéias, ações, enfim a vida de alguém. Entenda isso
não é possível.
Quando apenas o lado financeiro é
avaliado muito se perde, principalmente a analise filosófica da coisa toda, todo
o valor se resume a dinheiro, e entende-se que quem não o possui não tem importância,
logo, quem tem um pouco a mais se sente superior, e assim vamos “nos”
classificando e se colocando em posições de classes, até que a classe social toma
forma e quem tem mais está no topo da fama da “fila do pão”. Na verdade, vale
ressaltar que quem tem mais não está na fila do pão, pois tem alguém lá por
ela.
O fato é que todos que estão na
fila do pão são trabalhadores(a) buscando o alimento, assim como a classe dos
trabalhadores trabalha por seu sustento, não importa se você vai levar muitos pães,
ou apenas dois pãezinhos, o fato é que se você trabalhar na bicicletaria do seu
bairro ou na multinacional que fabrica bicicletas você estará vendendo a sua
mão de obra, e você é da classe trabalhadora, ainda que tenha um salário 10 x
maior que o rapaz da bicicletaria.
Eu assisti um filme uma vez (ou várias)
que falava sobre essa coisa do trocar de classe, se chama “trocando as bolas”,
o astro era o Eddie Murphi, aquele foi um dos filmes que deixaram claro para
mim o que de fato acontece quando você é da classe trabalhadora, e como a mente
de quem nunca precisou pegar a fila do pão funciona.
Não falaria jamais mal sobre a ambição
e de possuir objetos de valor, que por algum motivo facilitam nossa vida, é logico que ter dinheiro é bom,
e consumir o que se deseja também. Mas até que ponto TER deve ser maior do que
SER? Ser bondoso, respeitador, afetuoso, amoroso, generoso, humilde, sábio e
etc. TER quando se fala em objetos apenas nos limita, e nos impede de enxergar
além do material, e quando não existe equilíbrio entre o ter e o ser a pessoa passa-se
a servir o dinheiro e não o contrário.
Pense o seguinte: Você está num deserto,
com muito dinheiro, ouro, jóias e tudo mais de valor que exista fora dali. O que
possui realmente de valor nessa situação? Ter dinheiro ou conhecimento que pode
trabalhar a favor da sua sobrevivência e saída do local em si. Neste caso, com certeza
você deveria deixar o que tem peso, e o saber é a única realidade que não pesa
e ninguém lhe tira.
É este o valor que dedico a educação
e tudo o que acompanha a evolução do ser humano, ter dinheiro e bens, e tudo o
que ele é capaz de proporcionar é muito bom, mas sozinho, sem proposito não
torna você diferente na fila do pão ou na sua própria existência. É preciso SER
mais, para que o TER aconteça e a sabedoria acompanhe o que de fato vale a pena.
O meu sonho de saber é que TODAS
as pessoas possam estar na fila do pão, seja com o carrão do ano, a pé ou de ônibus,
a luta acontece para que ninguém fique sem seu sustento ou o seu pão de cada
dia, e que de alguma maneira ninguém mais chore por sentir fome. Na fila do pão
eu sou aquela que sonha e acredita que o bem pode vencer, e sonhos se realizar.
Não podemos continuar a abastecer
a fome de pessoas que não tiveram a mesma oportunidade para ter e manter o seu sustento,
o egoísmo não pode vencer o amor, e o futuro é agora.
Então eu pergunto: Quem é você na
fila do pão?
Texto: Grazy Nazario.
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