quinta-feira, 18 de junho de 2020

Krespinha - Marketing equivocado ou má fé!

Porque ainda existem pessoas que não compreendem o que existe de errado com o termo utilizado pela Bombril 


Eu fiquei a pensar qual era o problema das pessoas que trabalham no marketing da empresa Bombril, e também com as pessoas que dizem não ter nada de errado com a tal palha de aço para limpeza pesada, krespinha. Para mim é muito óbvio, mas certa vez eu ouvi e venho confirmando que o óbvio também precisa ser dito, e quando temos conceitos enraizados este trabalho precisa ser feito a todo momento



Esta situação deixou nítido pra mim a necessidade e importância da diversidade de pessoas de todas as etnias, culturas e percepções diversas no campo do trabalho e profissões. Por estas e outras coisas que falamos sobre ocupar os espaços, e do direito a Universidade á todxs, assim como vozes femininas, e diversidade de gêneros, etc. Eu sinceramente gostaria muito de conhecer a equipe de criação deste produto, garanto que não tem mulheres, ou negras. E se existem, ou não possuem "voz" ou simplesmente não foram ouvidas.

Quem nunca foi ofendida a partir do cabelo na infância ou em qualquer outra fase da vida com a nomenclatura "cabelo de bombril"? Eu sempre, e o meu cabelo não é afro. Bastava não pentear ou não fazer uma hidratação que a ofensa vinha, fora outras referências diante dos cabelos crespos e muito mais quanto ao cabelo afro. Eram várias, e ainda são ofensas e ataques racistas como uma forma de diminuir as portadoras dos cabelos crespos, tornar menos quem você é, digna de proporcionar mal estar, não aceitação e exclusão de qualquer tipo de beleza.

A questão de desconstrução do ideal de beleza (européia) vem sido movimentada para a autoaceitação, reconhecimento da sua etnia e do seu biotipo, assim como a valorização da beleza negra, sem os famosos procedimentos de química no cabelo, mas além disso, do redescobrimento de si mesma. A questão nem é de fazer ou não a transição capilar, usar o cabelo alisado ou crespo, mas de ter escolhas e poder se sentir bem com qualquer uma delas. 

É abominável pensar nas meninas de hoje com vergonha dos seus cabelos crespos e afros, black ou do jeito que elas escolherem e ouvindo aquelas piadinhas horrorosas na escola, este tempo acabou! Chega de tentar nos fazer sentir mal com o que somos, negar as nossas raízes para atingir um padrões irreais redigidos por sofrimento e negação. 

Então eu pergunto: Ninguém neste ambiente de trabalho chorou depois da volta da escola ao ser chamada de cabelo de bombril? Nenhuma pessoa desta equipe de criação teve o bom senso de falar: Este nome não é legal porque faz referência direta ao cabelo crespo e isto vai fortalecer o esteriótipo do cabelo de bombril, como afirmar que é algo tão ruim a ponto de tirar as sujeiras mais difíceis?
É possível que buscavam por publicidade, mesmo que fosse negativa? 

A bombril, de certa forma não tem "culpa" da relação que fizeram quanto ao cabelo e a esponja de aço, mas ao saber deste fato se aproveitou para fazer a manutenção do racismo fortalecendo a imagem ao associar o tipo de cabelo ao nome de um produto novo. Ou seja, está completamente na contramão do que estamos fazendo há muito tempo.

Sinceramente bombril, empreguem mais afros, mulheres e defensores do bom senso nesta equipe de marketing. Cancela esta palhaçada, em nome da quebra de esteriótipos falidos que não combinam com a realidade do seculo XXI. Façam a parte que lhes cabem em nome da autoestima e empoderamento feminino, e se não podem ou querem ajudar, favor não atrapalhem.  

Caso esta equipe ainda não tenha compreendido o que está acontecendo no mundo em torno do preconceito, racismo e discriminações, sugiro que sigam as nossas redes sociais e outras no mesmo segmento, se informem minimamente sobre o mundo novo, e se não mudarem, sugiro que nós consumidores cancelamos eles! Creio que assim vão perceber que ficarão para trás, babacas! 


Texto: Grazy Nazario

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