É fato que o espaço para as mulheres está se abrindo, nada perto do que gostaríamos, mas é preciso admitir que mudanças estão acontecendo, mesmo que de forma lenta. Algo que ilustra bem o quadro que estamos é a noticia de que a cidade de Roma, na Itália será administrada por uma prefeita, isto, uma mulher foi escolhida pela maioria dos eleitores de Roma para comandar a bela cidade histórica. Uma das cidades mais conservadoras da Europa em relação as mulheres esta vivendo os ares da mudança, e isto é mais que belo, é transformador.
Assim que li a noticia lembrei-me
de um momento especial que vivi. Foi uma vez que fui a uma palestra por acaso,
e conheci a Marilena Chauí. Para quem não a conhece, trata-se de uma filósofa,
professora da USP (Universidade de São Paulo) e escritora de obras sobre o
tema. Logo de cara me apaixonei, afinal o mundo da filosofia é dominado pelos
homens, e eu sou uma apaixonada confessa pelo assunto. Lógico que fiquei curiosa
para saber o que ela poderia ter a dizer, e fiquei o mais perto que pude do
palco, como uma criança ansiosa.
Marilena destacou a posição atual da mulher no
mundo contemporâneo, também mencionou a importância da filosofia na sociedade, e
ilustrou de modo simples como o “amor ao conhecimento” é importante e
fundamental para o crescimento da nação.
Em seguida nos contou uma
história que tocou em minha alma, até me arrancar lágrimas involuntárias de
emoção e dor.
Ela iniciou:
- “As mulheres de Roma são
conhecidas por seu silencio... Segundo nos contam os registros históricos, durante
o império Romano, as mulheres simplesmente não existiam. É claro que o sexo
feminino era presente, afinal não é fácil imaginar o mundo sem mulheres. Mas
tudo o que se sabe sobre elas foi o que alguém disse da forma que quis. No
entanto, jamais saberemos o que essas mulheres sentiam, pensavam, ou sonhavam...”
Pensei naquelas mulheres e em
como se sentiam diante da própria vida, fiz varias reflexões naquele instante e
comparei com a nossa realidade, que diante do contexto atual não sofreu grandes
transformações, uma vez que as mudanças foram acontecendo a partir de
necessidades econômicas, entre outros fatores, mas pouco foi realizado em
beneficio da mulher em si. Claro que algumas situações mudaram, mas nada perto
da nossa utopia de simplesmente ser reconhecida como um “Ser Humano”.
Quanto a nova prefeita eu sorri ao
pensar... Mulheres de Roma, agora vocês tem voz, e que bom que temos, e teremos
a cada dia mais, e será sim possível viver e praticar as próprias escolhas e
validar a própria existência a partir das nossas percepções. O mundo terá que
ouvir a nossa voz, e o nosso sentimento e impressões não serão insignificantes
ou inexistentes, mesmo que muitos ainda prefiram assim. Lutaremos por isso.
Espero estar viva para presenciar
as transformações também no Oriente, onde tudo é mais difícil, porém não impossível,
não temos medo da luta, temos medo de permanecer igual e não lutar por mudanças.
Mulheres de Roma, queremos ouvir
a tua voz. Sejam bem vindas!
Texto por: Grazy Nazario.
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