sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Dia do samba - Som de mulher!


Dia 02 de Dezembro foi comemorado o aniversário do samba, um dos ritmos mais populares, e dito de raízes brasileiras. De melodia envolvente e batuque sedutor, o samba não parece mesmo querer morrer, a verdade é que ele esta se renovando. Ao lembrar de samba, preciso falar sobre as meninas que conheci dias atras, afinal quando falamos em grupo de samba imediatamente pensamos em homens tocando e produzindo o som da festa, o samba é também predominado por homens,  Não que a mulher não esteja presente,
salvo raras exceções como Jovelina Pérola Negra, Dona Ivone Lara, Alcione, Beth Carvalho e Leci Brandrão, entre outras. Em relação a quantidade de homens, elas praticamente não existem.


A participação das mulheres no samba poderia ser vista quase como um enfeite na diversão masculina que já existia sem necessariamente precisar delas. Muitas vezes serviram de inspirações para rimas, e lhe emprestavam um rebolado sedutor. Elas estavam ali apenas cumprindo o seu papel de servir ao outro, da forma como eles esperavam ou desejavam. Mas a realidade esta se transformando, os conceitos diante da mulher, e de suas profissões e atitudes aos poucos tomam nova forma.

Numa noite dessas fui a uma casa noturna e uma voz feminina me chamou a atenção, me virei para olhar a banda, e eram  cinco mulheres tocando, donas de seus sorrisos e conduzindo divinamente seus respectivos instrumentos. Era som de mulher! Senti os meus olhos brilharem, e meu sorriso correspondeu a alegria, elas se olharam e me sorriram de volta. Foi uma delícia compartilhar aquele momento nosso, de liberdade e reconhecimento de que ela existe para nós.

Eram Deborah, Luana, Juliana, Sheila e Valeria as minas do grupo Batuk mulher, são elas entre outras que se apresentam na noite da Zona Leste de São Paulo, e mais uma vez nos mostra que as mulheres sabem mais que rebolar, também sabem e querem batucar. Elas me contaram que estão com o grupo formado há treze anos. Se conheceram nas noites tocando, cada uma em sua especialidade, então resolveram se unir e montar o grupo que conheci naquela noite.

Fiquei encantada ao conversar com elas depois do show, há tanto tempo na estrada e eu não as conhecia. Eu pesquisei um pouco mais e descobri que existem outros grupos como o Batuk mulher espalhados por aí, trabalhando com musica e rompendo padrões. As mulheres estão sim roubando a cena, ou ocupando um que nunca lhe foi permitido.

Na maioria das vezes cabia aos homens, tão livres e cheios de historias nos contar através da musica o quanto a vida poderia ser boa, divertida, ou “infeliz” diante das decepções. A liberdade de curtir, criar, ou trabalhar a livre escolha até então era privilegio masculino, a vida das mulheres por muito tempo foi extremamente limitada, e ainda é em muitos cantos do mundo, a nossa batalha esta apenas começando, e em todos os sentidos.

O fato é que algumas das mulheres já descobriram que não há limites para suas vontades e sonhos, o aniversário é do samba, mas são elas que comemoram a liberdade de aprender a apreciar tudo de bom que ele pode oferecer, afinal a vida não é só cuidar do outro. O samba é mais um espaço sendo conquistado pelas mulheres, e as meninas do Batuk Mulher são mais garotas que nos inspiram, mesmo quando não carregam a intenção de fazer isso. 
Então batuquem meninas, e vamos sambar no machismo! 


Texto: Grazy Nazario.



Para maiores informações sobre o grupo clique no link: 
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