quinta-feira, 30 de abril de 2020

A Política de Heróis e Bandidos


Dentre alguns assuntos comentados no momento, além do corona vírus e todos os perigos em torno da pandemia, a Política brasileira mais uma vez se destaca. Desde a imprensa internacional até os lares de famílias confinadas em cada cantinho do país, as reviravoltas e desmontes do governo federal atrasam o desenvolvimento da nação, e causam obstáculos no combate à pandemia que assusta a todos pelo mundo. 

Arte: Autor desconhecido.

Apesar da nova rotina ocasionada por conta da quarentena em combate a Covid 19, a rotina política continua a todo vapor. Nos últimos dias foi o então ex- ministro da Justiça Sérgio Moro, o protagonista dos burburinhos de Brasília.

            Moro colocou o ex-patrão, presidente Bolsonaro contra a parede, provou a partir de mensagens alguns crimes de responsabilidade, além de outros que se enquadrariam em vários artigos do código penal. O fato é que alguns enxergaram Moro como o grande herói da nação denunciando aquilo que não concorda em participar por ser ilícito, enquanto outros defendem o presidente por ter sido apunhalado. Em outra leitura, Jair Bolsonaro seria o então traidor do povo, por não cumprir o que prometeu, e Moro, mesmo traindo o seu mentor se comportou com ética diante da nação.

                 Observar estas opiniões trouxe a luz; uma realidade antiga por parte dos brasileiros, é como se esperassem por um herói, em sua mais bela e fiel personificação. Um personagem, completamente correto, sem vícios, ou nenhum tipo de contradição, uma pessoa que atenda a todas as necessidades de todos os brasileiros. Convenhamos alguém tão perfeito não necessita de fiscalização ou oposição, o heroísmo por si só se basta. É o paraíso colocar a responsabilidade de tudo em uma situação X e continuar a vida. Mas esquecem-se de que existem obstáculos quando se fala de administração, e que é preciso mais que “querer mudar algo”, é preciso saber fazer isso, ter caráter, vontade e disposição. Dizer querer fazer é pouco, ou nada!

             Note a personificação do herói, se acredita nele; não é preciso avaliar seu desempenho, não se observa coerência em suas ações. É o herói, não comete erros. Mas a realidade não é assim, estamos falando de seres humanos, precisamos nos alimentar com informações, compreender as obrigações e funções de cada setor e cobrar isso.  Politica é chato por que temos que pensar?


            Depois de pouco tempo se acreditando num heroísmo romântico, impossível até nos filmes mais mirabolantes a realidade vem à tona, ai é preciso encarar a verdade. Criar um herói não faz dele um campeão, para ser vitorioso ou ter sucesso é preciso se preparar, estudar, ter competência para considerar as miscigenações e atender o maior número de pessoas possíveis, isso é Política.
Também é fácil ter um bandido, quando aquele herói não pratica o esperado, ele é acusado. O seu trono de herói começa a ruir, o antigo salvador agora será o traidor da nação. Condena-se e pronto. Não é preciso levar em conta nada além da personificação do bandido. Desconta-se a raiva. Ignora-se bens feitos e acabou.

              Assim se constrói um novo salvador. Heróis precisam de vilões. O povo se joga novamente no erro, acreditam em qualquer coisa para não precisar arcar com o cansaço de se informar, se enganar, reconhecer erros, se dar ao trabalho. Não é considerada a história da humanidade, sua incansável busca por poder, nada é considerado como real, apenas a facilidade de se ter um novo herói.

          Quem não participa das escolhas não pode reclamar dos resultados, é preciso entender a importância que carrega um voto.

            Abster-se é libertador. E como não seria? Não quero nem o tal herói que criaram, muito menos o bandido, tudo está errado.  Assim me eximo, não estou nem de um lado nem de outro. Mas sim, quando você não escolhe também está escolhendo.  Quando você se conscientiza de que algo está errado e não se posiciona, você esta do lado do errado, pois não trouxe á luz a verdade. Fingir que não viu não significa que não aconteceu, e sim que você não quis dizer. Embora se justifique muito bem, faz isso para não precisar se sentir parte de uma escolha, mas não participar não faz de você uma pessoa neutra, você apenas não esta querendo se responsabilizar por alguma decisão.
       
         Portanto, não pretendo avaliar quem é o mocinho ou o bandido desta história, as pessoas possuem personalidades e linhas de trabalho, uma carreira é para tornar esta avaliação possível. Quando as informações e atitudes fogem do esperado é preciso cobrar que o correto aconteça, no entanto uma nação que não acredita em heróis entende que ninguém é perfeito, e cobrar não é estar contra, é fazer parte do todo. É preciso parar de querer o fácil que vem na figura do herói, a construção de caráter começa por cada um de nós, e as pessoas a ocupar cargos políticos são o espelho de seus eleitores, ou assim deveria ser.

         Cuidar de pessoas e de tudo o que envolve a vida delas é trabalhoso, precisa de estudo, competência, e trabalho. Além disso, avaliar currículos, feitos, e se enquadra você como cidadão em suas intenções Políticas.

           Abandone o medo das responsabilidades, são elas que nos tornam grandes e orgulhosos!
           O preço da preguiça de pensar é alto.
         E quanto aos Heróis e bandidos, é melhor deixar essas ilusões com a arte dos quadrinhos e telas do cinema, na vida real as consequências nos alcançam todos os dias do cotidiano.


Texto: Grazy Nazario. 

Um comentário:

  1. Parabéns garota.
    Texto muito real e inteligente,com um fundo de verdade.
    Gostei!!!

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