sábado, 17 de outubro de 2020

Quantos Robinhos você conhece?

 Casos como o do jogador Robinho não são diferentes de situações que conhecemos no dia a dia comum, não está distante de alguns homens que conhecemos. O jogador não respeita a palavra de uma mulher e não entendeu que ela precisa estar acordada para dizer sim ou não. Também não tem exemplos de justiça em casos semelhantes quando falamos de assédio, estupro, agressão ou qualquer outro crime de alguém em sua posição social. Aquela história de que o homem "pode tudo", além disso costuma encobrir os amiguinhos e as suas zoeiras, gosta também de se sentir o rei da noite fazendo "uso" das mulheres, como se a vontade delas não valessem.

O fato é que as questões de injustiças em relação as mulheres acontecem todos os dias, quando não se trata do roubo de algum objeto, não levam a sério o que ela tem a dizer, ela passa a ser o objeto da vez, e passará a ser questionada, não mais a vítima. Lógico que isso não é regra, existem sim pessoas sérias que trabalham em prol dos direitos de uma justiça real, existem também mulheres que se “aproveitam” de alguma situação para fazer algo contra o cara. Mas quantos casos são estes em relação a esmagadora maioria? E por que insistem em falar disso quando o assunto não é este? Sem falar que muitas vezes uma mulher que luta por seu direito e de seus filhos, como pensão alimentícia, visitas com cuidados em relação aos filhos também são vistas como “aproveitadoras”.

São muitos juízes no dia a dia e costumam condenar, sem demora a mulher da situação, nem analisam,  ou pensam por um minuto, previamente acreditam que a mulher “deve” ter culpa de alguma coisa. Cobramos das autoridades uma postura humana, e de bom senso em relação as mulheres, mas como isso é possível se as pessoas não conseguem enxergar além da sua habitual caixinha de apedrejamento de mulheres. Pensem, continuam a acreditar que temos que nos esconder e que os homens não são capazes de definir o certo e o errado,  muito menos assumir as consequências dos seus atos.

 Como fica então para a sociedade perceber além dessa facilidade de julgar e condenar pessoas pelo gênero, desde juízes, policiais, médicos, professores, etc.  Muitos foram criados por pessoas que acreditam que mulheres são objetos, ou que precisam ser retraídas para se protegerem, e repassam isto para as outras gerações sem questionar, estão entre nós em todas as profissões e gêneros. Está nítido que estamos vivendo hoje o resultado de conceitos absolutamente errados, com valores equivocados quanto ao que é ser mulher.

Não é incomum a gente ouvir de pessoas próximas trechos como ouvimos da conversa entre Robinho e seus amigos, infelizmente isto acontece muito. E quando sabemos de algo do tipo falam: Cuidado com estas caras, eles podem não ser legais. E quando questionamos as condutas deles nos dizem: Mas homens são assim mesmo, só não fica perto. O fato é que não tem como a gente saber que estamos rodeadas de escrotos, e não tem como a gente viver o tempo todo como se fossemos presas fáceis fugindo do lobo mau.

 Também queremos nos divertir, queremos poder sair para uma festa, beber pra caramba e não ser estuprada por isso. Queremos que as pessoas aprendam que NÃO É NÃO! Que homem não é assim ou assado porque existem leis, e nós somos seres humanos. Queremos que parem de fingir que não nos ouvem. Porque de um jeito ou de outro estupradores não passarão, seja por movimentos feministas, ou porque os patrocinadores viram que ia ficar muito feio.

É decepcionante notar que depois de todo o acontecido nos últimos dias diante deste caso, muitas pessoas não consigam entender o que está acontecendo e como isso prejudica as mulheres e pessoas num todo. O acusado veio a público falar sobre o assunto e não conseguiu reconhecer o que de fato fez de criminoso. As pessoas tiveram acesso aos áudios, mas querem tentar duvidar da justiça e da vítima, culpar a imprensa, o horário, e até as feministas. A culpa do estupro é do estuprador, no caso, estupradores. Compreendam, o movimento feminista não ataca homens, ataca criminosos.


Texto: Grazy Nazario. 

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