Em pleno século XXI temos que
conviver com uma realidade dura para as mulheres, enquanto muitos erguem a voz
para nos dizer que isso não existe, e que estamos reclamando demais e sem
motivos. Ainda tentam nos convencer e nos “comprar” de varias formas para que
nos contentemos com as migalhas de direitos que apenas alimenta o machismo e
nos torna vitimas de nossas conquistas. A todo tempo nos lembram de um passado
recente em que as migalhas eram ainda menores, e querem que isso nos console.
Depois de tantas polêmicas
envolvendo o nome do Mc Biel, ao qual eu não fazia ideia de quem era, mas já
tinha o conhecimento de ser um “ídolo” das adolescentes, novamente vemos o
nosso mundo ruir. Saber que a jornalista que denunciou o assedio ridículo praticado
pelo Mc foi simplesmente demitida, é uma farsa diante da justiça e do respeito
como mulher e profissional. Isto é uma derrota imensa, acompanhada por desgosto
e raiva por tanta injustiça.
Mesmo com tantos direitos
adquiridos a base de tantas lutas, mortes e sofrimento, ainda nos deparamos com
esta realidade incoerente. A responsabilidade permanece sempre sendo da mulher,
o esperado é considerar que o cara é só um jovem sem noção das coisas, ou “coitado
ele é casado e com filhos e isto arruinaria a vida dele”, também é comum ouvir “não
diga nada, ele pode perder o emprego”, “Você quer ferrar com a vida do cara? Releve!”
É sempre assim, a
responsabilidade é sempre nossa, os homens tem o privilegio de nunca crescerem,
e quando se trata dos direitos das mulheres sempre podem (e devem) ser
perdoados, é assim que somos ensinadas... “Ele estava nervoso, por isso te
bateu, não o provoque novamente quando ele estiver assim”.
Os valores não mudam, os homens
não precisam assumir os seus erros, pois simplesmente não erram, sempre irão
arquitetar uma desculpa bem bacana e plausível para os seus atos agressivos,
avassaladores ou condutas de estuprador em potencial. Ele sempre será seduzido,
perseguido, importunado, entre outros... Pobre coitado.
Precisamos perdoar, esquecer, não
levar a sério.
Cansei.
Cansamos de nos culpar sempre, quando
o assunto é mulher, seja em qualquer esfera, sempre temos que ceder, se não
cedemos no sexo, temos que ceder na denúncia, e se não fazemos isso perdemos o
nosso emprego, o respeito diante da família ou diante da merda de sociedade que
ainda insiste em tentar nos calar, e nos fazer sentir como coadjuvante da própria
existência.
Então de que adiantam os avanços,
como a lei Maria da Penha que apesar de ter avançado, ainda não é cumprida com
vigor. Em que momento as pessoas, homens e mulheres entenderão que cada um é responsável
por seus atos, e que existem limites, e o corpo e a vontade do outro não
pertence a ninguém além dele mesmo. Paquerar e flertar esta distante de assédio
e postura machista e desrespeitosa. Ridículo é pouco para este ser mimado e sem
escrúpulos, que possivelmente deve ter ligação com a demissão da moça, afinal o
dinheiro sempre compra a dignidade daqueles que não a valorizam.
O Mc Biel deve ter limites, ser
tão limitado quanto as suas musicas seria um bom começo, já que ele pensa que a
letra da sua “arte” pode ser praticada sem o consentimento das pessoas, já que
ele age como se fosse o Todo Poderoso e dono das vontades alheias...
Não iremos mais fingir que não
ouvimos a piadinha idiota e cretina, não somos obrigadas. Virão denuncias e
mais denuncias de caras como você. Quanto ao ig, será preciso uma postura enérgica
da jornalista, precisa existir um processo contra o portal, e atitudes assim
não poderão mais ficar impune, é preciso reagir sempre, casos assim não podem
ser esquecidos.
A ilegalidade parece que se transpõe
a própria lei, a cultura do estupro parece que vem acompanhando as pessoas
desde o útero, já que não conseguem entender e abrir os olhos para o obvio, sim
o óbvio precisa ser esclarecido a todo o tempo.
Até quando seremos cassadas por
não aceitar aquilo que ninguém deve aceitar?
Não haverá desistência, nem
recuo, as migalhas não irão encher a nossa barriga, nem tampar a nossa boca, a
sociedade precisará se acostumar com um novo modo de tratar as mulheres, a luta
não terminou e não cessará enquanto o respeito à mulher não for pratica comum.
Mulheres somente nós temos o
poder de nos libertar.
Texto: Grazy Nazario.

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