O quanto o gênero influencia na escolha da profissão?
O fato das mulheres serem atualmente a maioria nas
universidades não é novidade, a cada dia é mais comum mulheres se organizarem
para escolher uma graduação ou curso técnico ainda no ensino médio. Além do
grande número de mulheres que retornam aos estudos após um longo tempo
afastadas dos livros acadêmicos. São vários os motivos que as impulsionam para
esta nova realidade, e aumentam as estatísticas de mulheres formadas no nível
superior.
A escolha de um curso universitário implica em muitos
fatores na vida de qualquer pessoa; é lógico que nem tudo está ligado ao fator
“gênero”, mas muitas situações sim. Entre as questões gerais, podemos citar o
valor do curso, o tempo de duração, o mercado de trabalho, entre outras coisas
que são primordiais na hora de escolher o que estudar.
Mas as mulheres tem algo além, o fato é que geralmente
procuram uma área de atuação que tenha certa abertura profissional ao seu
gênero, a insegurança quanto a sua vida pessoal e a profissional é algo que é
considerado de maneira diferente para os homens.
Afinal, não é qualquer carreira profissional que nos permite
conciliar a dupla ou tripla jornada feminina já incorporada na sociedade como
algo natural, na prática é mais difícil do que gostaríamos. Principalmente
quando esta mulher já possui alguma responsabilidade financeira, ou quando é
mãe, por exemplo, e as divisões de tarefas de ter um filho não acontecem de
forma justa entre os pais da criança. Estes são apenas alguns exemplos de
dificuldades ao conciliar estudos e vida pessoal, mas sabemos que o dia a dia
está cheio deles.
Em pleno século XXI salas de aulas de pedagogia estão
repletas de mulheres, enquanto as de Tecnologia da Informação são predominadas
por homens, por exemplo.
Lembro-me bem de quando era criança, e de como não me
entendia com a matemática e todos os seus cálculos e afins, e ao mesmo tempo
amava Língua Portuguesa, História e Arte, era uma linda afinidade, distante das
dificuldades que aconteciam com as exatas. No entanto, também me lembro de
ouvir, inclusive de professores e professoras “menina não gosta de matemática”,
possuem mais facilidades com isso ou aquilo, e assim também era com os meninos.
Como se existissem fórmulas mágicas para enquadrar este ou aquele, e ai daquele
que não se enquadrasse.
Diante disso, até que ponto essas falas e afirmações nos
influenciam nas afinidades ou preferências? Principalmente quando isso acontece
por parte de pessoas ditas importantes em nossa formação social: como pais,
parentes e professores.
Como escolher a profissão mais adequada a cada um?
É preciso considerar o cognitivo de cada um, suas
facilidades de assimilação, habilidades, questões psicológicas, etc. Além de
validar aspectos culturais, classe econômica, hábitos, crenças, entre outros.
No entanto, existem outros meios que nos influenciam ainda na formação como
pessoas, desde a infância com brinquedos e jogos divididos por gêneros. São
brinquedos e brincadeiras “moldando” pensamentos e criando direcionamentos
comportamentais de varias maneiras, sem nos atribuir real liberdade de escolhas
e amplitude de possibilidades. E quando nos tornamos adultas vivemos a
realidade preparada pelos brinquedos direcionados às mulheres.
É claro que não é sempre que isso acontece, existem sim as
meninas que curtem muito e se dão muito bem em cursos erroneamente chamados de
“masculinos” e vice versa; não podemos generalizar nada. Mas quantas mais
poderíamos ser, e de todos os lados? Como seríamos mais felizes e livres se
isso não existisse na nossa construção como cidadãos e cidadãs. O parâmetro
seria direcionado a todas as pessoas, e só, independente do gênero.
O que mulheres e homens pensam antes da escolha de uma
profissão não está errado quando avaliamos a realidade. O mercado de trabalho já contrata homens para
lecionar crianças? Esta é apenas uma das
explicações para as salas cheias de mulheres no curso de pedagogia. É
importante ressaltar que o curso de Pedagogia é uma conquista recente, a
formação antiga era o magistério, e que tempos antes carregava o nome de pajem,
e função de cuidadora. O termo insinuando “cuidados” carregava a ideia de que
apenas mulheres tinham habilidade para este tipo de responsabilidade, pois era
considerado um “Dom” feminino.
Atualmente o curso de pedagogia traz uma nova percepção da
infância e aprendizagem, entretanto carregam em sua trajetória certos vícios
antigos, é preciso quebrar este ciclo de repetições para que as pessoas de todo
o núcleo educacional, e sociedade percebam e tenham ações de acordo com a nova
realidade. No exemplo do TI as questões mudam de lado, será que apenas homens
possuem habilidades com as maquinas e todo o universo que as envolve? É logico
que não!
Vencendo barreiras na escolha profissional
Neste sentido preocupa o que é preciso enfrentar dentro de
nós para descobrir do que realmente gostamos, e por onde caminham nossas
habilidades e preferências quando elas nos parecem “fora dos padrões”, ou do
esperado considerando o gênero. Ampliar a visão social a partir de pessoas e
não por homens ou mulheres é mais difícil do que parece, principalmente quando
nos contentamos.
O contentamento é complicado, pois quando pessoas bem
resolvidas se destacam em determinados grupos nos dão a impressão de igualdade,
já que existe alguém ali representando o gênero, no caso. Quando na verdade a
maior parte das pessoas que não estão ali, nem pensou nesta possibilidade,
simplesmente porque nunca foi apresentada a ela.
Não somente falas negativas, ou afirmativas, ou mesmo
questões culturais nos impulsionam á certas áreas, é possível dizer que há um
conjunto de situações que nos estimulam a determinados campos de conhecimento
de forma automática, sem considerar sonhos ou realizações pessoais, e é
inegável que fatores de gêneros estão entre estes motivos.
É importante garantir que o conhecimento chegue ao maior
numero possível de pessoas, que diferenças de gênero e sexualidade sejam
realmente uma barreira ultrapassada em dias futuros.
Pessoas possuem afinidades com este e aquele segmento, por
uma série de coisas algo faz o nosso olho brilhar mais que outras, e isso é
fato. O estudo precisa ser democrático em todas as áreas, a educação é a chave
da libertação de todas as pessoas, e nada pode ser melhor que a oportunidade de
ser e escolher o que se quer.
Texto: Grazy Nazario.
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