domingo, 2 de setembro de 2018

Ariana Grande, um pouco sobre ser mulher


Ariana Grande é atriz, cantora e apresentadora, vinte e cinco anos, jovem, e Pop star. A biografia dela realmente não interessa, acredito na importância de dizer pra deixar bem claro que não existe distinção, preferencia, cor ou raça, falamos de gênero, sobre o que é ser mulher.

O assédio sofrido pela cantora norte americana Ariana Grande é o ato mais comentado da internet, talvez isso tem a ver com a fato do assediador ser pastor e estar em um funeral, por se tratar de uma pop star, ter sido gravado, ou por seus fãs terem tomado as dores da moça, enfim são muitas as variantes. O fato é que estamos falando influenciadores, pessoas que deveriam servir como exemplo de respeito entre as pessoas, mas se mostram seres desprezíveis, e incluo entre o pastor outras personalidades ali presentes.

 Mulheres são alvos. É assim que nos sentimos nas ruas, ou quando vamos apresentar um projeto, e a pessoa a avaliar é homem. São tantas idiotices que ouvimos para ser aceitas no mercado de trabalho, para mostrar o que somos como artistas e profissionais que chega a enojar. Noticias assim nos fazem ver que não estamos sozinhas, o abuso esta em todos os cantos do mundo e sem muitos disfarces, ele acontece como se fosse permitido, como se o melhor fosse fingir que não aconteceu, como se o medo devesse ser nossa eterna companhia.  

É chocante assistir a cena e ver a moça não saber o que fazer, naquele momento me lembrei de quantas vezes me senti daquele jeito, sem entender qual deveria ser a minha atitude. Afirmo que se você é mulher já sentiu isso em algum momento da sua vida ou em vários. Isso e coisas piores acontecem com muito mais frequência nas periferias, nos lares, nas grandes e pequenas empresas, naqueles lugares em que câmeras e microfones não estão disponíveis para oferecer provas de que não estamos loucas, para que nós mesmas não tentamos nos convencer disso.  

Ser mulher é não estar segura em lugar nenhum do mundo, não existe espaço para mulher ter voz e se sentir em paz, ter segurança em relação ao seu corpo e ao que ela é, seja no parque, nas ruas, bares, shoppings, no velório, na igreja ou em casa junto aos familiares. A liberdade feminina parece uma utopia. Vivemos aterrorizadas com o que o mundo criou para nós, e continua a cultivar. Não existe segurança, não querem nossa autoestima, não impulsionam nosso sucesso, somos o objeto. Pretendem que perdure infinitamente a reprodução de propostas que garanta o quanto somos objetos em qualquer lugar e de todas as formas, o outro sexo a mercê do que desejarem fazer.

Ariana não terá problemas financeiros para contratar advogados e ter quem lute por ela nesta causa em vias judiciais, assim torço para que aconteça. Mas e como ficam todas as outras? Distantes dos olhos do mundo, sem forças, ou o empoderamento necessário pra gritar e dizer NÃO toque em mim! A repercussão desse caso deve nos trazer á luz a realidade de cada dia, não queremos as suas desculpas Pastor, queremos que não seja canalha e que não reproduza a sua canalhice. Queremos que você mude a sua concepção do que é ser mulher (se é que isso é possível), e que passe isto adiante para que meninos e meninas aprendam a respeitar o outro como ser humano. Não queremos e não iremos conviver com nada diferente disso.

Mulheres não se calem, não encubram homens e seus feitos não consentidos. Roupa não é convite, sorriso não é permissão, intimidação não é paquera.  Não culpem a vitima, não reforcem o coro dos abusadores, e criminosos, não sejam coniventes com o erro, a vitima nunca é culpada. Somos nós por nós, se una ao inimigo é será a próxima vitima.  Se perceba como ser humano, ninguém tem o direito de te tocar, isto não é exagero, nem miimimi, esta é a lei. Se somos nós a cultivar os pensamentos, que eles sejam transformados a favor da liberdade.



Texto: Grazy Nazario.



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