quinta-feira, 21 de junho de 2018

Machismo legalizado - Copa Rússia 2018


A repercussão negativa do vídeo de brasileiros assediando uma mulher russa nesta Copa 2018 esta circulando o mundo, e levantando uma questão já anunciada por muitas mulheres há tempos, são reclamações  jamais ouvidas com atenção, mas que sempre nos incomodou. Aquela coisa do “mimimi” e de que “tudo agora é chato”, finalmente parece estar trilhando o seu caminho real, a exigência pelo respeito às mulheres como seres humanos parece chegar perto de acontecer. Ninguém quer ser tratado como o objeto de sua piada, ou servir de palco de humilhação e diversão para um grupo seleto, que de alguma forma se coloca em uma situação privilegiada. O mundo será chato para aqueles que não respeitam as pessoas, uma voz serão muitas vozes, e nada além do permitido será tolerado, doa a quem doer.  

Vale lembrar que atitudes assim eram comuns e bem aceitas até bem pouco tempo atrás, muitos jovens e adultos que acompanhavam programas como o pânico na tv e outros, que eram especialistas em depreciar qualquer pessoa, principalmente em objetificar e humilhar as mulheres. Quando consideradas “feias” eram ridicularizadas, quando “bonitas” objetificadas, logo não existe escapatória quando se é mulher, o seu destino é o desrespeito, é pedir migalhas por aceitar o que eles querem oferecer.

Dessa forma os “homens de família” se sentiam respaldados pelo machismo legalizado de todos os dias, desde aquela piadinha nojenta dita em suas rodas masculinas, até videos tranquilamente espalhados pelo mundo, para eles tudo é possível, ou era. Diante de tantos comentários contrários ao esperado pelos protagonistas da babaquice exibida na web, os misóginos confessos se dizem “vitimas” de exageros. Defendidos por uma minoria com frases do tipo “também não precisava tanto”, tiveram a sua vida profissional invadida, a vida pessoal exposta, os seus segredos de irresponsabilidade paterna anunciados  para o mundo, e se dizem dignos de pena.

Sendo didática, é bom lembrar que mulheres são invadidas dessa forma o tempo todo, como quando falam de sua genitália por simples exposição, vazam propositalmente vídeos ou fotos intimas. Para eles trata-se de uma genitália, e todo o conjunto esta ali para a diversão, seja como for, da forma que decidirem que deve ser. Isso justifica o uso da palavra “exagero” contra aqueles que reprovaram o ato, e toda a repercussão do caso. Talvez a maioria dos homens não perceba, ou não se importe, mas ser mulher é ser invadida sempre, seja por olhares, gestos ou julgamentos, e não apenas em questões sexuais. Somos apontadas, perseguidas e invalidadas. É como se fossemos eternas crianças incapazes, e a disposição do uso masculino.

O assunto que envolve esta questão é muito amplo e complexo, não caberia se estender por essas linhas mais causas, ou consequências. O fato é que agora a consciência nos tocou, e queremos o nosso espaço, exigimos o direito de ir e vir. A voz das mulheres esta sendo ouvida, esclarecendo e exigindo por todos os cantos do mundo, e isso acontece por que todas nós queremos uma coisa só, respeito. As punições irão acontecer de um jeito ou de outro, as mudanças são inevitáveis, não nos tratarão como se não existissem opiniões ou alternativas. Gostem ou não, a cada dia mais vozes falarão, ou mudem a postura, ou se mudem de planeta!




Texto: Grazy Nazario

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