A
repercussão negativa do vídeo de brasileiros assediando uma mulher russa nesta
Copa 2018 esta circulando o mundo, e levantando uma questão já anunciada por
muitas mulheres há tempos, são reclamações jamais ouvidas com atenção, mas que sempre
nos incomodou. Aquela coisa do “mimimi” e de que “tudo agora é chato”,
finalmente parece estar trilhando o seu caminho real, a exigência pelo respeito
às mulheres como seres humanos parece chegar perto de acontecer. Ninguém quer
ser tratado como o objeto de sua piada, ou servir de palco de humilhação e diversão
para um grupo seleto, que de alguma forma se coloca em uma situação
privilegiada. O mundo será chato para aqueles que não respeitam as pessoas, uma
voz serão muitas vozes, e nada além do permitido será tolerado, doa a quem
doer.
Vale
lembrar que atitudes assim eram comuns e bem aceitas até bem pouco tempo atrás,
muitos jovens e adultos que acompanhavam programas como o pânico na tv e outros,
que eram especialistas em depreciar qualquer pessoa, principalmente em
objetificar e humilhar as mulheres. Quando consideradas “feias” eram
ridicularizadas, quando “bonitas” objetificadas, logo não existe escapatória quando
se é mulher, o seu destino é o desrespeito, é pedir migalhas por aceitar o que
eles querem oferecer.
Dessa
forma os “homens de família” se sentiam respaldados pelo machismo legalizado de
todos os dias, desde aquela piadinha nojenta dita em suas rodas masculinas, até videos tranquilamente espalhados pelo mundo, para eles tudo é possível, ou
era. Diante de tantos comentários contrários ao esperado pelos protagonistas da
babaquice exibida na web, os misóginos confessos se dizem “vitimas” de
exageros. Defendidos por uma minoria com frases do tipo “também não
precisava tanto”, tiveram a sua vida
profissional invadida, a vida pessoal exposta, os seus segredos de
irresponsabilidade paterna anunciados para o mundo, e se dizem dignos de pena.
Sendo
didática, é bom lembrar que mulheres são invadidas dessa forma o tempo todo, como
quando falam de sua genitália por simples exposição, vazam propositalmente vídeos
ou fotos intimas. Para eles trata-se de uma genitália, e todo o conjunto esta
ali para a diversão, seja como for, da forma que decidirem que deve ser. Isso
justifica o uso da palavra “exagero” contra aqueles que
reprovaram o ato, e toda a repercussão do caso. Talvez a maioria dos homens não
perceba, ou não se importe, mas ser mulher é ser invadida sempre, seja por olhares,
gestos ou julgamentos, e não apenas em questões sexuais. Somos apontadas,
perseguidas e invalidadas. É como se fossemos eternas crianças incapazes, e a
disposição do uso masculino.
O
assunto que envolve esta questão é muito amplo e complexo, não caberia se
estender por essas linhas mais causas, ou consequências. O fato é que agora a consciência
nos tocou, e queremos o nosso espaço, exigimos o direito de ir e vir. A voz das
mulheres esta sendo ouvida, esclarecendo e exigindo por todos os cantos do
mundo, e isso acontece por que todas nós queremos uma coisa só, respeito. As
punições irão acontecer de um jeito ou de outro, as mudanças são inevitáveis,
não nos tratarão como se não existissem opiniões ou alternativas. Gostem ou
não, a cada dia mais vozes falarão, ou mudem a postura, ou se mudem de planeta!
Texto: Grazy Nazario
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